terça-feira, 6 de novembro de 2012


“APRESENTAÇÃO DA OBRA, DO AUTOR E PERSPECTIVA HISTÓRICA"

 O Mercador de Veneza


(WILLIAM SHAKESPEARE)
Trata-se de uma das obras mais polêmicas
do célebre dramaturgo inglês. Escrito no findar dos anos 1500, época em
que os judeus estiveram ausentes da Inglaterra (foram expulsos em 1290,
e só seriam novamente aceitos em 1655), capta as chocantes caricaturas
feitas pelos ingleses.
Em O Mercador de Veneza, o personagem que mais chama a atenção
não é o mocinho, e sim o vilão, criado para dar um tom cômico à peça.
Trata-se do agiota e judeu _ daí a polêmica _ Shylock, retratado como
indivíduo desprezível. A vítima, o cristão Antônio, cidadão bem
sucedido de Veneza, faz um contrato atípico com o agiota, penhorando
453 gramas de sua própria carne. Agora, o vilão faz questão de tal
medonha extração, o que levaria Antônio a morte. O que se observa é a
velha e infeliz máxima anti-semita. O judeu ?do mal?, quer sangue do
?bom cristão?.
Durante anos, tal peça foi encenada, sempre ascendendo
discussões, ou mesmo pregando o anti-semitismo. Nos territórios
nazistas, por exemplo, essa se tornou a peça mais popular de
Shakespeare nos anos 30 e 40. Após a Segunda Guerra Mundial, a história
tornou-se constrangedora e passou a ser exibida somente com
interpretações mastigadas, tentando expor inclusive as mazelas do
preconceito sofrido pelo próprio Shylock.
O autor, em seu original, também busca trabalhar com o
emocional do vilão, o mostrando como humano em suas características
sentimentais. O fato é que o dramaturgo inglês foi certamente
influenciado pela onda deletéria aos judeus, presente em sua época.
Todavia, é a índole e as convicções ideológicas do leitor ou do
expectador de O mercador de Veneza, que vai relativizar ou aceitar a
pilhagem anti-semita integralmente.

“RESUMO" 

"Em meados do século 16 em Veneza, o filme conta a história de um nobre jovem, Bassânio, que devido a sua vida desregrada se encontra em profundas dívidas.Mas em suas aventuras Bassânio se apaixona por Pórcia de Belmonte, uma linda moça que seu pai deixara um legado para quem quisesse casar com ela.Resolvido a ter Pórcia como sua esposa, Bassânio vai de encontro a seu amigo Antônio para obter fundos para sua viagem. Antônio é um rico mercador, mas que tem toda sua riqueza investida nos mares, assim tenta usar seu crédito como forma de conseguir o empréstimo.Esse empréstimo pode ser conseguido com Shylock, um agiota judeu que sofre perseguição e mora em “guetos” assim como todos os outros judeus. Porém Antônio havia denunciado Shylock e outros judeus de praticar usura (empréstimo de dinheiro com altas taxas de juros), discrimina-o e atrapalha seus negócios emprestando dinheiros em nenhuma taxa. Assim Shylock se vê numa boa oportunidade de deixar o mercador em divida consigo e propõe uma forma de contrato incomum: não cobrará juros algum,mas se a dívida não for paga dentro do prazo, Antonio terá que pagar uma libra de carne de seu corpo. Mesmo seu amigo relutando em aceitar o termo, o mercador aceita-os.Enquanto Bassânio prepara-se para a viagem Pórcia deve acolher todos seus pretendentes e, caso o enigma seja resolvido, Bassânio poderia ficar sem a amada. Ao mesmo tempo em que Bassânio parte, Antonio não recebe notícias de seus navios.Quando o nobre viajante parte, leva consigo a filha de Shylock que optou por partir comum amigo de Bassânio, levando uma certa quantia de seu pai. Este acontecimento deixao judeu em um tormento psicológico e, mais que nunca, fervoroso por vingança. Após chegar a Belmonte, Bassânio recebe notícias não esperançosas de seu amigo e assim parte para conseguir uma forma de saída do problema de Antônio. Por é mantes que Bassânio chegue o empréstimo ultrapassa o tempo determinado pelo contrato.Assim Shylock exige sua libra de carne de Antônio.Com a Corte formada, o Doge, a autoridade reinante em Veneza, convida um especialista para resolver o caso. Esse especialista é nada menos que o primo de Pórcia
 e a linda prima convence-o a ir em seu lugar. Então Pórcia parte imediatamente após Bassânio. No Tribunal, Shylock se mostra intransigente a todo pedido de clemência feito pela população e pela Corte. Rejeita também o dobro da quantia da dívida ofertada por Bassânio. Eis que surge o especialista (Pórcia vestida como um homem). Primeiramente este propõe um acordo de ambas as partes. Novamente o judeu não aceita. Então sem mais alternativas de defesa para Antonio, Shylock prepara-se para retirar a libra de carne que lhe é devida. E repentinamente o especialista começa a mostrar irregularidades no contrato: a libra de carne não deve conter uma gota de sangue. Então resta ao judeu aceitar a antiga proposta de receber o dobro da quantia da dívida. Mas novamente o especialista se pronuncia e mostra na Lei que, se algum forasteiro tentar matar direta ou indiretamente um Veneziano deverá ser punido. Então resta somente ao judeu implorar por clemência. Então a Corte decide por dar metade de seus bens a Antonio e ficar a outra parte e que Shylock se converta ao Cristianismo. Numa forma de generosidade, Antonio cede sua parte à filha de Shylock quando se casar. Assim o filmes e acaba com a felicidade dos cristãos e a fúnebre tristeza do ex-judeu. ANÁLISE De um enredo fácil de ser entendido o filme prende a atenção de quem o assiste e assim fica interessante acompanhar todos os 138 minutos de filme. Recheado de sentimentos, como amor, lealdade, vingança, consegue arranjar varias opiniões diversas sobre: “Teria sido a decisão da Corte justa?”, “Shylock merecia perder todos os seus bens?”, “Não deveria Antônio pagar por sua promessa não cumprida?”. O filme também traz uma básica noção jurídica para leigos, sobre como funciona uma Corte, o quão forte é o poderio de argumentação, portanto torna-se uma boa recomendação a estudantes de Direito.A cena do julgamento no filme foi incorporada ao filme brasileiro “O Auto da Compadecida”, onde o personagem Chicó arruma um empréstimo junto ao pai de sua noiva e, caso não feito o pagamento até certa data, o “emprestador” teria direito a retirar uma tira de couro das suas costas. Do mesmo modo que na obra de Shakespeare, o empréstimo não é pago até a data combinada e aparece uma mulher – no caso de “O Mercador de Veneza” surge Pórcia – Rosinha, a filha do Major que emprestou o dinheiro, e utilizando de sua astúcia, diz que no trato não fora combinado derramar gota alguma de sangue, assim os noivos podem sair da cidade tranquilos.”

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